Presos três anestesistas que trabalhavam com médica indiciada em Curitiba
- Diretoria do Hospital Evangélico transferiu da UTI 13 médicos e 34 funcionários
Luis Lomba, Especial para O GLOBO
Publicado:
Atualizado:
CURITIBA - Mais três médicos que trabalhavam na UTI do Hospital
Evangélico, em Curitiba, foram presos, neste sábado. Eles trabalhavam com a médica Virgínia de Sousa Santos,
presa desde terça-feira e indiciada por “antecipar óbitos” em uma das
quatro unidades do segundo maior hospital da capital paranaense. Edison
Anselmo Silva Junior, Maria Israela Cortez Bocato e Anderson de Freitas
são anestesistas.
Na sexta-feira, a diretoria do Hospital Evangélico de Curitiba transferiu da Unidade de Terapia Intensiva 13 médicos e 34 funcionários que trabalharam com a médica Virgínia de Sousa Santos, que está presa numa cela do Centro de Triagem de Piraquara, para onde também foi levada Maria Israela. Edison Anselmo está preso numa delegacia de Curitiba e Anderson, na carceragem do Núcleo de Combate a Crimes na Saúde (Nucrisa).
A Polícia Civil está investigando sete prontuários de pacientes que morreram na UTI. O inquérito policial apura denúncias de que a médica praticava eutanásia, segundo a delegada Paula Brisola. A polícia investiga também o envolvimento de outras pessoas nas mortes de pacientes na UTI do hospital. O delegado-geral da polícia Civil do Paraná, Marcus Michelotto, não descarta que houvesse uma “quadrilha da morte” na UTI. O inquérito corre sob segredo judicial.
Na sexta-feira, a médica Virgínia Soares Souza divulgou carta em própria defesa, por meio de seu advogado, Elias Mattar Assad. “O livre exercício da medicina está em risco no Brasil (…) A ciência médica não pode ser relativizada ou mesmo inviabilizada no seu livre e ético exercício, pelos altos riscos a que doravante estarão expostos os seus profissionais”, diz o documento, segundo o qual está ocorrendo “o maior erro investigativo e midiático da nossa história”.
Como estratégia da defesa, Assad aponta a inexistência do fato. Segundo ele, não há provas de assassinatos na UTI do Evangélico. “A polícia não está conseguindo comprovar a existência de fato criminoso. Exibiram algum cadáver dizendo que a morte dele se deu por causa que não aquela declarada no atestado de óbito? Eu desafio a polícia”, afirmou Assad.
O advogado da médica Virgínia disse que vai pedir a quebra do sigilo do processo. Segundo Assad, o sigilo deve-se à ausência de provas. “Esse sigilo está se dando não no interesse a minha cliente. Está se dando no interesse de quem não conseguiu provar a materialidade de algum crime. Para ter homicídio qualificado, tem que ter um morto, tem que ter um laudo do IML dizendo que aquela morte foi causada por alguém e isso não existe”, afirma. “Ela era intensivista. Quem assinava a causa de morte eram os médicos de cada paciente.”
http://oglobo.globo.com/pais/presos-tres-anestesistas-que-trabalhavam-com-medica-indiciada-em-curitiba-7659670
Na sexta-feira, a diretoria do Hospital Evangélico de Curitiba transferiu da Unidade de Terapia Intensiva 13 médicos e 34 funcionários que trabalharam com a médica Virgínia de Sousa Santos, que está presa numa cela do Centro de Triagem de Piraquara, para onde também foi levada Maria Israela. Edison Anselmo está preso numa delegacia de Curitiba e Anderson, na carceragem do Núcleo de Combate a Crimes na Saúde (Nucrisa).
A Polícia Civil está investigando sete prontuários de pacientes que morreram na UTI. O inquérito policial apura denúncias de que a médica praticava eutanásia, segundo a delegada Paula Brisola. A polícia investiga também o envolvimento de outras pessoas nas mortes de pacientes na UTI do hospital. O delegado-geral da polícia Civil do Paraná, Marcus Michelotto, não descarta que houvesse uma “quadrilha da morte” na UTI. O inquérito corre sob segredo judicial.
Na sexta-feira, a médica Virgínia Soares Souza divulgou carta em própria defesa, por meio de seu advogado, Elias Mattar Assad. “O livre exercício da medicina está em risco no Brasil (…) A ciência médica não pode ser relativizada ou mesmo inviabilizada no seu livre e ético exercício, pelos altos riscos a que doravante estarão expostos os seus profissionais”, diz o documento, segundo o qual está ocorrendo “o maior erro investigativo e midiático da nossa história”.
Como estratégia da defesa, Assad aponta a inexistência do fato. Segundo ele, não há provas de assassinatos na UTI do Evangélico. “A polícia não está conseguindo comprovar a existência de fato criminoso. Exibiram algum cadáver dizendo que a morte dele se deu por causa que não aquela declarada no atestado de óbito? Eu desafio a polícia”, afirmou Assad.
O advogado da médica Virgínia disse que vai pedir a quebra do sigilo do processo. Segundo Assad, o sigilo deve-se à ausência de provas. “Esse sigilo está se dando não no interesse a minha cliente. Está se dando no interesse de quem não conseguiu provar a materialidade de algum crime. Para ter homicídio qualificado, tem que ter um morto, tem que ter um laudo do IML dizendo que aquela morte foi causada por alguém e isso não existe”, afirma. “Ela era intensivista. Quem assinava a causa de morte eram os médicos de cada paciente.”
http://oglobo.globo.com/pais/presos-tres-anestesistas-que-trabalhavam-com-medica-indiciada-em-curitiba-7659670
Médica suspeita de mortes não tem especialização em UTI, diz polícia Segundo delegada, outro médico assinava por ela como chefe da UTI. Outros três médicos foram detidos neste sábado (23), em Curitiba.
Do G1 PR
A Polícia Civil afirmou neste sábado (23) que ficou
esclarecido, segundo a delegada do Núcleo de Repressão aos Crimes Contra
a Saúde (Nucrisa), Paula Brisola, que a
médica Virgínia Soares Souza, presa na terça-feira
(19) suspeita de definir quais pacientes seriam mortos dentro da Unidade
de Terapia Intensiva
(UTI) do Hospital Evangélico de Curitiba, exercia a
função de diretora da UTI, porém, como ela não é intensivista, outro
médico assinava por ela como chefe da unidade.
O advogado de defesa da médica, Elias Mattar Assad, disse ao G1 que o outro médico assina como responsável técnico do setor e que a médica Virgínia Soares Souza assina como chefe da UTI Geral. Ele ainda informou que, quando ela começou a carreira, não havia a necessidade da especialidade para atuar na Unidade de Terapia Intensiva.
A polícia cumpriu neste sábado quatro mandados de prisão relacionados às mortes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Geral do Hospital Evangélico, em Curitiba. Três médicos já foram detidos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado do Paraná, os mandados são contra profissionais que trabalhavam no departamento diretamente com a médica Virgínia Soares Souza. Como o inquérito tramita em caráter sigiloso, a polícia não divulgou detalhes da prisão. De acordo com a Polícia Civil, um médico está foragido.
A investigação de denúncias que pacientes foram mortos dentro da UTI se tornou pública após a prisão da médica Virgínia Soares Souza, que era chefe do setor. Ela foi detida após uma operação policial que também recolheu prontuários médicos. Ela foi indiciada por homicídio qualificado, ou seja, por acelerar a morte de pacientes sem chances de defesa. A ação, de acordo com a polícia, tinha como objetivo liberar leitos na UTI do Evangélico. Após a prisão, o hospital divulgou nota afirmando que o caso é pontual e aconteceu em uma das quatro UTIs do hospital, na qual toda a equipe foi substituída. No total, 47 pessoas, entre 13 médicos e 34 enfermeiros.
Trechos de gravações do depoimento prestado pela médica foram obtidos com exclusividade pela RPC TV . Nas transcrições, ela afirma que foi mal interpretada por falas como "Quero desentulhar a UTI que está me dando coceira". A frase teria sido dita pela médica, mas a origem da gravação não foi informada pela polícia.
O advogado de defesa da médica afirmou que não há provas contra a médica e que cada um dos detidos neste sábado possui advogado e que eles devem unificar a defesa para trabalharem juntos. Ainda segundo Assad, o fato de a polícia manter o caso sob sigilo é reflexo desta falta de provas alegada, razão pela qual ele irá pedir a abertura do processo para a população.
A médica divulgou um manifesto público, na sexta-feira , no qual afirma que a medicina está em risco no Brasil. “O livre exercício da medicina está em risco no Brasil”, diz trecho do documento. Ela afirma que se o modelo de investigação da polícia paranaense obtiver êxito, qualquer morte em UTI poderá ser considerada imperícia ou mesmo homicídio qualificado. “A ciência médica não pode ser relativizada ou mesmo inviabilizada no seu livre e ético exercício, pelos altos riscos a que doravante estarão expostos os seus profissionais”, diz outra parte do manifesto. O texto ainda classifica a investigação como “o maior erro investigativo e midiático da nossa história”.
O advogado de defesa da médica, Elias Mattar Assad, disse ao G1 que o outro médico assina como responsável técnico do setor e que a médica Virgínia Soares Souza assina como chefe da UTI Geral. Ele ainda informou que, quando ela começou a carreira, não havia a necessidade da especialidade para atuar na Unidade de Terapia Intensiva.
A polícia cumpriu neste sábado quatro mandados de prisão relacionados às mortes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Geral do Hospital Evangélico, em Curitiba. Três médicos já foram detidos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado do Paraná, os mandados são contra profissionais que trabalhavam no departamento diretamente com a médica Virgínia Soares Souza. Como o inquérito tramita em caráter sigiloso, a polícia não divulgou detalhes da prisão. De acordo com a Polícia Civil, um médico está foragido.
A investigação de denúncias que pacientes foram mortos dentro da UTI se tornou pública após a prisão da médica Virgínia Soares Souza, que era chefe do setor. Ela foi detida após uma operação policial que também recolheu prontuários médicos. Ela foi indiciada por homicídio qualificado, ou seja, por acelerar a morte de pacientes sem chances de defesa. A ação, de acordo com a polícia, tinha como objetivo liberar leitos na UTI do Evangélico. Após a prisão, o hospital divulgou nota afirmando que o caso é pontual e aconteceu em uma das quatro UTIs do hospital, na qual toda a equipe foi substituída. No total, 47 pessoas, entre 13 médicos e 34 enfermeiros.
Trechos de gravações do depoimento prestado pela médica foram obtidos com exclusividade pela RPC TV . Nas transcrições, ela afirma que foi mal interpretada por falas como "Quero desentulhar a UTI que está me dando coceira". A frase teria sido dita pela médica, mas a origem da gravação não foi informada pela polícia.
O advogado de defesa da médica afirmou que não há provas contra a médica e que cada um dos detidos neste sábado possui advogado e que eles devem unificar a defesa para trabalharem juntos. Ainda segundo Assad, o fato de a polícia manter o caso sob sigilo é reflexo desta falta de provas alegada, razão pela qual ele irá pedir a abertura do processo para a população.
A médica divulgou um manifesto público, na sexta-feira , no qual afirma que a medicina está em risco no Brasil. “O livre exercício da medicina está em risco no Brasil”, diz trecho do documento. Ela afirma que se o modelo de investigação da polícia paranaense obtiver êxito, qualquer morte em UTI poderá ser considerada imperícia ou mesmo homicídio qualificado. “A ciência médica não pode ser relativizada ou mesmo inviabilizada no seu livre e ético exercício, pelos altos riscos a que doravante estarão expostos os seus profissionais”, diz outra parte do manifesto. O texto ainda classifica a investigação como “o maior erro investigativo e midiático da nossa história”.
http://m.g1.globo.com/parana/noticia/2013/02/medica-suspeita-de-mortes-exercia-funcao-irregularmente-diz-policia.html?hash=2
18:04:31
Nacional // Hospital Evangélico de Curitiba
Paciente de médica suspeita de eutanásia no Paraná relatou ameaça e se salvou
Publicado em 22.02.2013, às 09h42
A médica Virgínia Soares de Souza, coordenadora da unidade, foi detida na última terça-feira (19)
Foto: UOL
A Polícia Civil do Paraná poderá exumar sete corpos de pacientes que
morreram na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico de
Curitiba (PR) durante os plantões da médica Virgínia Soares de Souza -
coordenadora da unidade e detida na última terça-feira (19), suspeita de
ordenar o desligamento de aparelhos que mantinham vivos pacientes
internados. O caso ganhou contornos dramáticos ontem com a revelação de
uma ex-paciente da UTI, que em dezembro escreveu um bilhete para a filha
quando estava internada pedindo para ser retirada da unidade porque
sabia que seria morta.
A médica intensivista, que era investigada há um ano pela Polícia Civil, foi indiciada por homicídio qualificado, porque as pessoas não tinham chance de se defender. Ela atua no hospital desde 1988 e chefia a UTI há sete anos.
A direção do hospital não confirmou a hipótese de exumação de corpos, levantada por uma fonte ligada ao caso - cuja investigação é feita em sigilo -, e apenas confirmou a troca de 34 enfermeiros e 13 médicos do setor de UTI. Segundo o diretor-clínico Gilberto Pascolat, o objetivo da troca - que atendia pedido da Secretaria Municipal de Saúde - é o de evitar pânico entre os familiares de pacientes. “É uma forma de tranquilizar mais as famílias”, disse.
A denúncia que culminou com a prisão de Virgínia teve início no ano passado, conforme a queixa de uma pessoa que conhecia o trâmite na UTI. “A pessoa entrou em contato com a Ouvidoria, que nos repassou a denúncia e iniciamos a investigação”, disse a delegada Paula Brisola.
Nos últimos dias, vieram à tona depoimentos com acusações gravíssimas contra a médica. Na quinta-feira (21), a família de uma ex-paciente que passou pela UTI do hospital em dezembro contou que ela escreveu um bilhete para a filha pedindo que a retirassem dali. “Eu preciso sair daqui, pois tentaram hoje me matar desligando os aparelhos”, diz trecho do bilhete. A paciente estava entubada quando teria escutado alguém mandar desligar o aparelho. “Eram 8h da manhã, a médica (Virgínia Soares de Souza) disse que queria ver se eu aguentava até as 16h. Mas, assim que ela deu as costas, a enfermeira colocou o respirador e disse que não deixaria que fizessem isso comigo.”
Antes, uma ex-funcionária da UTI disse que a médica tratava os pacientes do SUS com desdém, dando a entender que ela desligava os aparelhos no qual eles estavam ligados. “Quase todo dia havia uma parada cardíaca e ela gritava ‘Spp’ (sigla utilizada em UTIs que significa “se parar, parou!”), então, as enfermeiras saíam fora e deixavam o paciente. Isso quando era SUS; se era particular ou convênio aí tentavam salvar”, disse.
A RPC TV, afiliada da Rede Globo, divulgou trecho do depoimento da médica à polícia no qual ela diz que havia sido “mal interpretada” por falas como “Quero desentulhar a UTI, que está me dando coceira”. Outro ex-enfermeiro disse que ela interrompia ou a ventilação mecânica ou as medicações que mantinham pacientes vivos. Um terceiro, em depoimento à RPC TV, disse que ela fumava na UTI e ameaçava funcionários.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) se manifestou por meio de nota e não descartou a cassação do exercício profissional da médica. “Se for confirmado o delito, o CRM-PR proporá a abertura de processo contra a médica denunciada, que ficará passível de receber penas que vão até a cassação do exercício profissional”, diz a nota.
O advogado de defesa de Virgínia, Elias Mattar Assad, disse que entregará nesta sexta-feira um documento ao Conselho Federal de Medicina pedindo para que sejam revistos os procedimentos em UTIs de todo o País.
“Não é possível que os intensivistas fiquem cuidando e com a responsabilidade de pacientes que não são deles. Em uma UTI seria necessário mais acompanhamento do médico responsável e nenhuma atitude poderia ser tomada sem que ele desse a autorização. A UTI é a fronteira entre a vida e a morte”, disse.
A médica intensivista, que era investigada há um ano pela Polícia Civil, foi indiciada por homicídio qualificado, porque as pessoas não tinham chance de se defender. Ela atua no hospital desde 1988 e chefia a UTI há sete anos.
A direção do hospital não confirmou a hipótese de exumação de corpos, levantada por uma fonte ligada ao caso - cuja investigação é feita em sigilo -, e apenas confirmou a troca de 34 enfermeiros e 13 médicos do setor de UTI. Segundo o diretor-clínico Gilberto Pascolat, o objetivo da troca - que atendia pedido da Secretaria Municipal de Saúde - é o de evitar pânico entre os familiares de pacientes. “É uma forma de tranquilizar mais as famílias”, disse.
A denúncia que culminou com a prisão de Virgínia teve início no ano passado, conforme a queixa de uma pessoa que conhecia o trâmite na UTI. “A pessoa entrou em contato com a Ouvidoria, que nos repassou a denúncia e iniciamos a investigação”, disse a delegada Paula Brisola.
Nos últimos dias, vieram à tona depoimentos com acusações gravíssimas contra a médica. Na quinta-feira (21), a família de uma ex-paciente que passou pela UTI do hospital em dezembro contou que ela escreveu um bilhete para a filha pedindo que a retirassem dali. “Eu preciso sair daqui, pois tentaram hoje me matar desligando os aparelhos”, diz trecho do bilhete. A paciente estava entubada quando teria escutado alguém mandar desligar o aparelho. “Eram 8h da manhã, a médica (Virgínia Soares de Souza) disse que queria ver se eu aguentava até as 16h. Mas, assim que ela deu as costas, a enfermeira colocou o respirador e disse que não deixaria que fizessem isso comigo.”
Antes, uma ex-funcionária da UTI disse que a médica tratava os pacientes do SUS com desdém, dando a entender que ela desligava os aparelhos no qual eles estavam ligados. “Quase todo dia havia uma parada cardíaca e ela gritava ‘Spp’ (sigla utilizada em UTIs que significa “se parar, parou!”), então, as enfermeiras saíam fora e deixavam o paciente. Isso quando era SUS; se era particular ou convênio aí tentavam salvar”, disse.
A RPC TV, afiliada da Rede Globo, divulgou trecho do depoimento da médica à polícia no qual ela diz que havia sido “mal interpretada” por falas como “Quero desentulhar a UTI, que está me dando coceira”. Outro ex-enfermeiro disse que ela interrompia ou a ventilação mecânica ou as medicações que mantinham pacientes vivos. Um terceiro, em depoimento à RPC TV, disse que ela fumava na UTI e ameaçava funcionários.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) se manifestou por meio de nota e não descartou a cassação do exercício profissional da médica. “Se for confirmado o delito, o CRM-PR proporá a abertura de processo contra a médica denunciada, que ficará passível de receber penas que vão até a cassação do exercício profissional”, diz a nota.
O advogado de defesa de Virgínia, Elias Mattar Assad, disse que entregará nesta sexta-feira um documento ao Conselho Federal de Medicina pedindo para que sejam revistos os procedimentos em UTIs de todo o País.
“Não é possível que os intensivistas fiquem cuidando e com a responsabilidade de pacientes que não são deles. Em uma UTI seria necessário mais acompanhamento do médico responsável e nenhuma atitude poderia ser tomada sem que ele desse a autorização. A UTI é a fronteira entre a vida e a morte”, disse.
Fonte: Agência Estado
Médica acusada de praticar eutanásia em UTI de Curitiba é indiciada
- Segundo as investigações, Virgínia Helena escolhia principalmente doentes internados pelo SUS
- Delegado que apura caso suspeita de ‘quadrilha da morte’
Publicado:
Atualizado:
A polícia recolheu prontuários relacionados às mortes nos últimos seis anos para saber se os óbitos naquela UTI podem ter sido provocados pela médica. O telejornal da RPC, filiada à TV Globo, exibiu nesta quarta-feira entrevista com um enfermeiro que trabalhou no hospital de 2004 a 2006. Ele afirmou ter visto a médica desligando um aparelho e provocando a morte de um dos pacientes.
— O paciente da UTI tem dois pontos críticos, que são a ventilação mecânica e as medicações que servem para manter a pessoa viva. Ela interrompia um dos dois, ou os dois —, afirmou o enfermeiro, que preferiu não ser identificado.
Delegado não descarta ‘quadrilha da morte’
O delegado-geral da Polícia Civil do Paraná, Marcus Michelotto, afirma que há indícios de materialidade e de autoria suficientes para que fosse instalado o inquérito policial e pedida a prisão cautelar da médica. Virgínia foi presa durante expediente no hospital.
— Nossa investigação tem cerca de um ano, mas esses fatos podem ter ocorrido há mais tempo. Estamos trabalhando para a coleta de provas —, afirmou.
Michelotto não descarta que haveria uma “quadrilha da morte” no hospital, com o envolvimento de outros funcionários nos supostos crimes.
— Se havia isso (a provocação das mortes), ela não fazia sozinha. Mas não podemos pré-julgar —, disse ele, que vai investigar as mortes naquela UTI nos últimos seis anos, período em que Virgínia chefiava o departamento.
A delegada Paula Brisola explicou que a prisão da médica foi estabelecida pela Justiça para garantir a instrução do processo e a segurança da população.
— O inquérito corre sob sigilo judicial e não podemos dar todas as informações sobre a investigação desses casos, que qualificamos como homicídios —, disse a delegada em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira. Segundo ela, outras testemunhas reforçaram a acusação do enfermeiro, de que a médica desligava os aparelhos para provocar a morte dos pacientes.
O advogado da médica, Elias Mattar Assad, afirma que vai solicitar à Justiça liberdade para sua cliente. Segundo ele, houve precipitação na prisão.
— Normalmente o procedimento é primeiro investigar, depois ouvir as pessoas e só então, se for o caso, pedir a prisão. Aqui primeiro prenderam para depois investigar —, disse.
Desde terça-feira, quando a médica foi presa, várias pessoas procuraram a delegacia para denunciar “atitudes suspeitas” de Virgínia. Na ação policial, dentro do hospital, foram apreendidos prontuários médicos e outros documentos relativos a internações e mortes de pacientes.
O Conselho Regional de Medicina (CRM) informou que investigará a conduta da médica. O Hospital Evangélico abriu uma sindicância para apurar o caso.
Suspeita chefia UTI há seis anos
A médica atua no hospital desde 1988 e é chefe da UTI desde 2006. De acordo com o Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde (Nucrisa), ela é suspeita da prática de eutanásia, que é a indução à morte com consentimento do paciente, além de maus-tratos aos internados. O caso corre em segredo de justiça. A médica está detida no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.
Uma ex-enfermeira, que também não quis se identificar, ouvida pelo G1, disse que a médica foi suspensa por um mês em 2011 por maltratar uma funcionária.
— Eu trabalhei no hospital em 2005 e presenciei muitas cenas de maus-tratos contra funcionários. Tanto que não tinha quem não soubesse da frieza e grosseria dela. Essa suspensão eu soube por um colega. Eu não gostava de trabalhar com ela, como a maior parte dos outros. Eu nunca presenciei, mas o que 'rolava' nos corredores é que ela fazia isso com os pacientes também.
http://oglobo.globo.com/pais/medica-acusada-de-praticar-eutanasia-em-uti-de-curitiba-indiciada-7633340
Edição do dia 21/02/2013
21/02/2013 21h23
- Atualizado em
21/02/2013 21h23
Ex-paciente de médica suspeita de eutanásia conta como escapou
A polícia do Paraná vai analisar mais uma denúncia gravíssima contra a médica que foi presa nesta terça-feira, suspeita de ter provocado várias mortes na UTI que chefiava, em um dos maiores hospitais de Curitiba.
As letras tremidas no bilhete são de quem vivia momentos de desespero na UTI.
"Eu escrevi o seguinte: eu preciso sair daqui, pois tentaram hoje me matar desligando os aparelhos toda a noite. Por isso que tenho que sair", lê a mulher.
Em dezembro do ano passado, a mulher, que prefere não se identificar, ficou 26 dias na UTI do Hospital Evangélico com infecção generalizada. Ela diz que estava consciente quando ouviu a médica Virgínia Helena Soares de Souza mandar desligar o respirador.
“Ela falou assim: que era para desligar para ver se eu aguentava sobreviver. Se eu não conseguisse, eu não tinha chance. Isso eu ouvi da boca dela. Só que daí uma enfermeira viu que eu estava agoniando, ela veio e ligou de novo”, lembra.
A filha, que recebeu o bilhete em uma visita e que também prefere não se identificar, diz que no dia pensou apenas que a mãe estava confusa. Mas agora, com a prisão da médica, quer que o caso seja investigado.
"Graças a Deus que não foi ela uma das vítimas, pessoas que morreram. Com certeza deve ter investigação e fazer justiça”, afirma a filha.
Nesta quinta, o técnico em enfermagem Silvio de Almeida prestou depoimento à polícia. Ele disse que os pacientes que a médica considerava com menos chance de sobreviver eram deixados com uma quantidade mínima de oxigênio no respirador.
“Depois que ela baixava tudo, dava uma depressão respiratória no paciente. Ela ajudava com pavulon também, que é um remédio que faz aquela depressão respiratória, então tudo isso ajuda. Ajuda a matar o paciente. O paciente está vivo, aí mata o paciente”, relata Silvio de Almeida.
O técnico em enfermagem disse também como era o comportamento da médica com os colegas de trabalho:
“Ela entra fumando dentro da UTI, ela joga tamanco nos funcionários, joga tamanco em residente, acadêmico. Ela ficava com um apito. Quando ela queria chamar um enfermeiro, ela chamava um apito. Quando o enfermeiro fazia qualquer coisa errada, ela dava cartão vermelho.”
Em 2010, o Hospital Evangélico foi autuado pela Vigilância Sanitária porque foram encontrados cinzeiros e bitucas de cigarro na UTI. Em 2011, a médica Virginia Helena foi suspensa por um mês por problemas de relacionamento com a equipe da UTI.
Além da médica-chefe, que está presa, os outros profissionais da equipe foram substituídos.
A sindicância, que está sendo acompanhada por um representante do Ministério da Saúde, vai fazer um levantamento das mortes ocorridas na UTI do Hospital Evangélico nos últimos dois anos. A comissão pretende fazer uma comparação com o número de mortes de outras UTIs.
O advogado da médica, Elias Assad, declarou que as denúncias de funcionários e de ex-funcionários do hospital não são fundamentadas em provas. Ele também disse que não considera prova o bilhete escrito pela ex-paciente.
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2013/02/ex-paciente-de-medica-suspeita-de-eutanasia-conta-como-escapou.html
Polícia prende mais três ligados à médica detida no PR
Três anestesistas foram detidos pela polícia paranaense e serão investigados por trabalharem com Virgínia Soares de Souza, acusada de eutanásia em hospital curitibano
A Polícia Civil do Paraná prendeu na manhã de
hoje mais três pessoas que trabalhavam com a médica Virgínia Soares de
Souza, chefe da UTI do Hospital Evangélico, em Curitiba (PR) e presa
desde a terça-feira (19), acusada de homicídio qualificado sob a
suspeita de mandar desligar aparelhos que mantinham pacientes vivos.
Até o final da manhã haviam sido detidos três anestesistas. O Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde (Nucrisa), porém, não confirmou até o início da tarde a prisão de uma quarta pessoa, também envolvida na investigação que provocou a prisão da médica.
Os médicos Maria Israela Cortez Boccato e Edison Anselmo da Silva Júnior foram levados para a sede do Nucrisa, enquanto o médico Anderson de Freitas, segundo informação do grupo GRPCom, estava em Santa Catarina e se apresentou à polícia acompanhado do advogado.
Leia: Médica presa em Curitiba alega inocência em carta
As prisões realizadas pela manhã reforça a tese
apresentada pelo delegado geral da Polícia Civil, Marcus Vinicius
Michelotto, durante entrevista coletiva na última quarta-feira (20) de
que havia mais pessoas envolvidas. "Ela (Virgínia) não agia sozinha",
disse. No total, cerca de 20 pessoas ligadas à médica continuavam sendo
investigadas.
Até o final da manhã haviam sido detidos três anestesistas. O Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde (Nucrisa), porém, não confirmou até o início da tarde a prisão de uma quarta pessoa, também envolvida na investigação que provocou a prisão da médica.
Os médicos Maria Israela Cortez Boccato e Edison Anselmo da Silva Júnior foram levados para a sede do Nucrisa, enquanto o médico Anderson de Freitas, segundo informação do grupo GRPCom, estava em Santa Catarina e se apresentou à polícia acompanhado do advogado.
Leia: Médica presa em Curitiba alega inocência em carta
Indiciamento: Médica acusada de praticar eutanásia é indiciada por homicídio qualificado Bilhete: Paciente pediu ajuda da filha para sair da UTI de hospital no Paraná
Após o depoimento, Maria Israela foi levada pela polícia ao Centro de Triagem, onde também está detida a médica Virgínia. Silva foi levado para uma delegacia não divulgada, em Curitiba; e Freitas permanecia no Nucrisa prestando esclarecimentos.
Neste sábado, o advogado de defesa de Virgínia Soares, Elias Mattar Assad, entrou com pedido ao juiz Pedro Sanson Corat, para ter acesso ao material que contém gravações telefônicas de sua cliente.
Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) se limitou a informar que "aguarda a entrega dos autos (pela polícia) com a finalidade de instruir sindicância".
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/pr/2013-02-23/policia-prende-mais-tres-ligados-a-medica-detida-no-pr.html
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